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UE Pode Taxar Big Techs se Negociações Comerciais com Trump Fracassarem, Diz von der Leyen

Presidente da Comissão Europeia afirma que bloco está pronto para medidas comerciais duras se não houver acordo com os EUA.

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Em meio à crescente tensão comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que o bloco está preparado para retaliar com medidas severas — inclusive a imposição de tarifas sobre gigantes da tecnologia norte-americanas — caso fracassem as negociações com o presidente Donald Trump. Em entrevista ao Financial Times, von der Leyen afirmou que a UE busca um acordo “completamente equilibrado” durante a trégua de 90 dias estabelecida por Trump antes de impor novas tarifas. No entanto, ela foi enfática ao dizer que, caso os EUA insistam em uma escalada tarifária, a Europa está pronta para agir. As medidas poderiam atingir em cheio empresas como Google, Meta e outras plataformas digitais, por meio de uma possível tarifa sobre receitas de publicidade digital — medida inédita que afetaria todo o mercado único europeu.

“Estamos desenvolvendo medidas retaliatórias”, afirmou von der Leyen.

“Há uma ampla gama de contramedidas… caso as negociações não sejam satisfatórias.” Ela mencionou o uso do chamado “instrumento anticoerção”, que permitiria à UE responder de forma coordenada e robusta a ações comerciais unilaterais.

  • A possível tarifa digital seria distinta dos atuais impostos sobre vendas digitais cobrados por Estados-membros individualmente.
  • Segundo von der Leyen, a medida seria aplicada de forma harmonizada em todo o bloco, elevando significativamente seu impacto sobre as empresas americanas que dominam o setor de serviços digitais na Europa.

Ruptura com o status quo

Von der Leyen também não poupou críticas ao impacto da política comercial de Trump, chamando-a de “ponto de inflexão” nas relações comerciais globais. “Nunca mais voltaremos ao status quo”, declarou, ressaltando os efeitos negativos da incerteza sobre os mercados financeiros.

“Não há vencedores nisso, apenas perdedores.”

A Comissão Europeia suspendeu temporariamente um pacote de retaliação que atingiria €21 bilhões em importações americanas — entre elas frango, suco de laranja e iates — em resposta às tarifas de 20% impostas por Trump sobre aço e alumínio europeus.

  • A suspensão visa dar espaço às negociações, mas a presidente deixou claro que, sem progresso, essas medidas serão reativadas automaticamente.

Serviços na mira

Trump tem argumentado que os EUA enfrentam um déficit comercial com a UE, embora seus cálculos ignorem o superávit norte-americano no setor de serviços.

  • Von der Leyen sugeriu que futuras retaliações poderiam mirar justamente essa área, que representa cerca de 80% das exportações de serviços dos EUA para o bloco. “As empresas que oferecem serviços fazem um bom negócio neste mercado. Portanto, queremos uma solução negociada que seja a melhor para todos nós”, disse.
  • A líder europeia também indicou que medidas adicionais poderiam incluir restrições às exportações de sucata para os EUA, insumo vital para siderúrgicas americanas.

China e a vigilância comercial

Von der Leyen destacou ainda a preocupação da UE com a possibilidade de redirecionamento de produtos chineses barrados pelos EUA para o mercado europeu.

  • Bruxelas já estuda mecanismos de monitoramento e possíveis salvaguardas para evitar uma nova onda de importações que possa desestabilizar a indústria europeia.
  • Em conversa recente com o primeiro-ministro chinês Li Qiang, ela alertou sobre essa possibilidade. Segundo ela, o líder chinês garantiu que o risco é baixo, pois a China pretende fomentar o consumo interno.

Reformas e novas alianças

Apesar da tensão com Washington, a crise atual também abriu espaço para novas parcerias comerciais. Von der Leyen revelou avanços em negociações com países como Malásia, Tailândia, Filipinas, Indonésia e Emirados Árabes Unidos.

“Há o interesse de muitos países ao redor do mundo em trabalhar mais próximos de nós”, afirmou.

A presidente também reforçou a necessidade de modernização da Organização Mundial do Comércio (OMC), criticando sua incapacidade de lidar com práticas desleais como os subsídios chineses. “A ênfase deve ser na modernização e na reforma. Nunca desperdice uma boa crise”, concluiu.

A mensagem de von der Leyen é clara: a Europa está aberta ao diálogo, mas preparada para agir com força.

A continuidade ou não da guerra comercial transatlântica dependerá, em grande medida, das decisões que emergirem das negociações com Washington — e do rumo que Donald Trump decidir tomar.

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