Bloco europeu busca evitar retaliações tarifárias em meio a divergências internas e ameaças de Trump.
A União Europeia está pressionando por um acordo comercial com os Estados Unidos no estilo do Reino Unido, que manteria algumas tarifas vigentes após o prazo do próximo mês, evitando por ora retaliações econômicas contra Washington.
Michael Clauss, assessor do chanceler alemão Friedrich Merz, afirmou durante um evento do FT Live em Berlim na quinta-feira que, em vez de um acordo completo até 9 de julho, espera-se “uma declaração dizendo: ‘OK, isso segue um pouco o modelo do acordo EUA-Reino Unido’” — uma referência ao acordo firmado anteriormente entre Washington e Londres.
“Primeiro, eles querem ver se há uma zona de aterrissagem nas chamadas tarifas recíprocas de 10 por cento… para então passar para as outras tarifas, as tarifas setoriais”, explicou Clauss, referindo-se à Comissão Europeia, que conduz as negociações com o governo americano.
Diplomatas e autoridades com conhecimento das negociações revelaram que as discussões iniciais em Bruxelas sobre medidas retaliatórias em caso de manutenção das tarifas norte-americanas perderam força. O temor de impactos econômicos e divergências internas entre os 27 Estados-membros sobre eventuais contramedidas freiam a escalada.
- Enquanto países como a França defendem respostas duras, outros como Itália e Hungria preferem continuar o diálogo, alarmados com as ameaças do presidente Donald Trump de aplicar tarifas de 200% sobre vinho e uísque europeus.
- Em abril, quando a UE propôs taxar o bourbon americano, Trump respondeu com o risco de sanções ainda mais pesadas.
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Embora a UE esperasse negociar um acordo mais favorável do que o firmado pelo governo do primeiro-ministro britânico Keir Starmer, um imposto recíproco de 10% com cotas tarifárias reduzidas em setores como aço e automóveis começa a ser considerado aceitável por parte dos governos europeus, segundo diplomatas consultados pelo Financial Times.
- “Acho que é possível. Mas será que vai acontecer? Acho que é muito cedo para dizer”, ponderou Clauss.
- Trump já alertou que, sem acordo, as “tarifas recíprocas” poderiam subir para 50%.
- As negociações continuam para reduzir tarifas em produtos sensíveis, como semicondutores e produtos farmacêuticos, que também estão sob ameaça de novas sanções americanas.
O comissário comercial da UE, Maroš Šefčovič, lidera as tratativas tarifárias com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, enquanto outras autoridades europeias dialogam com o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) sobre temas complementares.
- Os EUA já não exigem mais o fim do imposto sobre valor agregado (IVA) europeu, mas seguem pressionando pelo fim dos impostos nacionais sobre serviços digitais, segundo um alto funcionário das negociações.
- Washington também pressiona pela eliminação de outras “barreiras não tarifárias”, como cotas para programas de televisão locais e restrições alimentares — incluindo a proibição europeia de frango lavado com cloro.
- Contudo, diplomatas lembram que o Reino Unido resistiu com sucesso a abrir mão de seu imposto digital, do IVA, e de aceitar os padrões americanos de segurança alimentar.
- Em contrapartida, Londres cedeu nas tarifas sobre carne bovina e etanol dos EUA.
- Buscando reduzir o superávit comercial anual de €198 bilhões em bens com os EUA, a UE também ofereceu aumentar as compras de gás natural liquefeito e armamentos.
Se as conversas falharem, a Comissão Europeia precisará da aprovação de uma maioria qualificada dos Estados-membros para adotar represálias. Autoridades europeias se mostram prudentes, conscientes de que precisam demonstrar unidade para pressionar Washington.
- Todos os países, com exceção da Hungria, apoiaram em abril um pacote de tarifas de até 50% sobre €21 bilhões em produtos americanos, mas a decisão foi adiada até 14 de julho para dar margem às negociações.
- Essa medida foi uma resposta direta às tarifas de 25% impostas por Trump sobre aço e alumínio europeus, que desde então foram elevadas para 50%.
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