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Trump Considera Nomear Presidente “Sombra” do Fed Para Influenciar Política de Juros Antes do Fim do Mandato de Powell

Casa Branca avalia antecipar nome para substituir Jerome Powell e sinalizar direção pró-juros baixos aos mercados; candidatos incluem Warsh, Bessent, Waller e Hassett.

Diante do enfraquecimento do mercado de trabalho e da desaceleração da inflação, a expectativa seria por cortes nos juros pelo Federal Reserve. Mas autoridades do banco central permanecem cautelosas, temendo que a luta contra a inflação ainda não tenha terminado. Isso tem gerado conflitos com a Casa Branca, que estuda uma estratégia incomum: nomear um “presidente sombra” do Fed para influenciar a condução da política monetária ainda sob o comando de Jerome Powell, cujo mandato vai até maio de 2026.

Segundo Krishna Guha, chefe de estratégia de política do banco Evercore, há um “novo burburinho” sobre a possibilidade de o presidente Donald Trump anunciar sua escolha para suceder Powell nos próximos meses. “A ideia seria acelerar o prazo durante o qual o governo pode impor sua marca ao Fed e influenciar os mercados de juros, evitando a opção nuclear de tentar demitir Powell”, afirmou Guha em nota.

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Embora o impacto direto de um presidente “sombra” seja limitado – já que o Comitê Federal de Mercado Aberto requer sete votos para alterar a política monetária – o movimento enviaria um forte sinal ao mercado sobre a direção desejada por Trump, que pressiona por juros mais baixos para reduzir os custos da dívida pública e estimular a economia.

  • A discussão ganhou força após o último relatório de inflação, que mostrou alta de apenas 0,1% no índice de preços ao consumidor em maio, alimentando apelos de Trump e do vice-presidente JD Vance por cortes nas taxas.
  • O contexto fiscal também pressiona: o déficit dos EUA deve atingir US$ 2 trilhões em 2025, e os juros da dívida pública de US$ 36 trilhões já consomem mais de US$ 1,2 trilhão por ano, sendo a terceira maior despesa do orçamento federal.

Entre os possíveis nomes cotados para o Fed estão:

  • Kevin Warsh, ex-diretor do Fed, com experiência e boa reputação entre autoridades e mercados, mas visto como inclinado a combater a inflação com rigor e crítico das políticas expansionistas do Fed.
  • Scott Bessent, atual secretário do Tesouro, que ganhou força nos bastidores. Guha destaca sua credibilidade com o mercado, mas observa que sua proximidade com Trump e falta de experiência em política monetária podem ser obstáculos.
  • Kevin Hassett, ex-chefe do Conselho Econômico Nacional, possui forte formação econômica, mas pouca vivência em política monetária e, como Bessent, é percebido como excessivamente alinhado ao governo.
  • Christopher Waller, atual governador do Fed, é visto como informal e pragmático, e recentemente sinalizou apoio a cortes de juros como “boas notícias”. No entanto, sua defesa de cortes de 50 pontos-base antes das eleições de novembro passado pode gerar resistência.

Segundo o investidor Paul Tudor Jones, Trump tende a optar por um perfil “superdovish”, alguém que favoreça redução agressiva das taxas para conter o peso dos juros sobre a dívida pública.

  • “Estamos em uma armadilha da dívida. Trump precisa de um presidente do Fed que ajude a reduzir os custos de financiamento”, disse Jones à Bloomberg.
  • Para Trump, o desafio será encontrar um nome com credibilidade, alinhado à sua visão de juros baixos, mas que consiga ser confirmado no Senado, onde os republicanos têm vantagem, mas enfrentam um equilíbrio delicado entre controle político e a independência do Fed.

“Espero que quem for selecionado seja alguém que acredita firmemente que a política monetária deve ser definida de forma consistente com o duplo mandato e não ser politicamente influenciada”, afirmou Eric Rosengren, ex-presidente do Fed de Boston, à CNBC. “Mas isso ainda está para ser visto.”

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