Tarifas altas protegem empregos, mas aumentam preços e sufocam a competitividade — e o Brasil é exemplo disso.
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Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, volta a defender tarifas agressivas e restrições comerciais em sua nova cruzada eleitoral, economistas e analistas apontam que um país já oferece uma amostra clara de como seria um modelo de economia fortemente protecionista: o Brasil. Com uma das tarifas de importação mais altas do mundo, o Brasil historicamente adotou políticas voltadas à substituição de importações e ao incentivo de sua indústria nacional. O resultado é uma economia com produção local dominante em setores como automóveis e eletrônicos — o iPhone 16, por exemplo, é montado no país, assim como a maioria dos veículos nas estradas brasileiras. No entanto, produtos importados sofrem com encargos altíssimos, como mostra uma garrafa de champanhe Veuve Clicquot vendida a US$ 110, uma caixa de chá PG Tips por US$ 53 ou um xarope de bordo canadense por US$ 35, de acordo com matéria do The Wall Street Journal.
As medidas protecionistas, embora tenham ajudado a desenvolver alguns setores — como a Embraer e a Vale, que se tornaram líderes globais após anos de subsídios e proteção estatal — também inibiram a competitividade e mantiveram indústrias ineficientes por décadas.
- O Brasil sustentou empresas deficitárias com recursos públicos, sem exigir metas claras de produtividade ou exportação, como fizeram economias asiáticas.
- Hoje, a indústria de transformação representa apenas 14% do PIB brasileiro, ante 36% em 1985 — uma das maiores quedas globais, que especialistas classificam como um caso emblemático de “desindustrialização prematura”.
- Para o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, as ideias de Trump remetem justamente ao pensamento econômico latino-americano do pós-guerra:
“Acreditávamos que tarifas impulsionariam a indústria, os serviços, a agricultura e trariam prosperidade. Bem, não funcionou”.
Apesar de contar com um mercado interno vasto e recursos naturais abundantes, o Brasil não alcançou o protagonismo econômico imaginado.
- Com crescimento médio de pouco mais de 2% ao ano nas últimas duas décadas, o país continua aquém de seu potencial, com baixa produtividade e limitada inserção no comércio global — que responde por apenas 18% do PIB brasileiro, ante 25% nos EUA e 35% no México.
- Além das tarifas médias de 11,2%, o Brasil impõe cotas de importação, licenças complexas, e processos alfandegários lentos, fatores que compõem o chamado “Custo Brasil” — o elevado preço de se fazer negócios no país, agravado por uma infraestrutura precária, disputas fiscais intermináveis e alta carga burocrática.
O contraste com os EUA é evidente: embora a economia americana tenha suas ineficiências, as empresas são mais produtivas, competitivas e integradas ao comércio global.
- Economistas afirmam que uma guinada protecionista nos moldes brasileiros prejudicaria os lucros e a inovação a longo prazo. Trump recuou de algumas de suas tarifas após o colapso dos mercados, mas manteve impostos de 10% sobre quase todos os países e aumentou as tarifas sobre produtos chineses.
- Com o comércio global cada vez mais interligado, especialistas alertam que repetir a experiência brasileira em solo americano pode sair caro.
- No Brasil, os altos preços dos produtos importados fizeram com que consumidores ricos passassem a viajar ao exterior para fazer compras — ao ponto de sobrecarregar aviões na volta ao país.
“Eles nunca sentiram a pressão competitiva para inovar ou reduzir custos”, afirma Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs.
Embora o presidente Lula critique as políticas de Trump e defenda o livre comércio, seu próprio Partido dos Trabalhadores tem histórico de protecionismo, revertendo avanços de abertura da década de 1990. Para Lucas Ferraz, ex-secretário de Comércio Exterior, a contradição é clara:
“Eles adotaram exatamente o modelo que Trump tem em mente”.
Com seus altos custos, ineficiências e produtos caros, o Brasil mostra que fechar a economia ao mundo pode proteger empregos em um primeiro momento — mas, no longo prazo, as barreiras se tornam muros que isolam o crescimento. Se os EUA realmente seguirem esse caminho, o exemplo brasileiro serve de alerta.
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