Presidente do Fed alerta sobre impacto inflacionário de tarifas e defende cautela na política de juros diante das incertezas econômicas.
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O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltou a destacar na quarta-feira a importância de manter a estabilidade de preços como condição essencial para sustentar um mercado de trabalho forte e duradouro. Em discurso no Clube Econômico de Chicago, Powell afirmou que o banco central americano continuará atento ao risco de que choques de preços, como os provocados por tarifas comerciais, se transformem em uma inflação persistente.
“Nossa obrigação é manter as expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas e garantir que um aumento único no nível de preços não se torne um problema de inflação contínuo”, afirmou.
O alerta vem em meio a um cenário de crescente incerteza econômica provocado pelas políticas comerciais do presidente Donald Trump, que têm incluído sucessivas imposições de tarifas sobre produtos da China e de outros países.
- Embora tenha recuado parcialmente nas chamadas “tarifas recíprocas” anunciadas no início de abril, Trump manteve uma tarifa global básica de 10% e sobretaxas superiores a 100% sobre importações chinesas, além de tarifas sobre automóveis, aço e alumínio — e ameaças de novas tarifas sobre produtos farmacêuticos e semicondutores.
- Para Powell, o nível dessas tarifas é significativamente mais alto do que o inicialmente previsto e pode provocar, no mínimo, um aumento temporário da inflação.
“Evitar que isso se torne um problema persistente dependerá do tamanho e da duração dos efeitos e, sobretudo, da ancoragem das expectativas de inflação de longo prazo”, disse.
A inflação nos EUA, medida pelo indicador preferido do Fed, foi de 2,5% no acumulado até fevereiro, ainda acima da meta oficial de 2%, embora abaixo dos picos registrados no pós-pandemia.
- A estimativa de Powell é de que o índice caia para 2,3% em março.
- Diante desse cenário, Powell reforçou que o Fed está em posição de esperar por maior clareza antes de realizar qualquer novo ajuste na taxa básica de juros.
- Após três cortes consecutivos no fim de 2024, o banco central iniciou 2025 com uma abordagem mais cautelosa, refletindo preocupações com os efeitos das tarifas na inflação e no crescimento.
“Por enquanto, estamos bem posicionados para esperar por maior clareza antes de considerar quaisquer ajustes em nossa postura política”, afirmou o presidente do Fed.
Embora reconheça que pode haver um momento em que os dois mandatos do banco central — máximo emprego e estabilidade de preços — entrem em conflito, Powell disse que, nesse caso, o Fed avaliará o grau de afastamento de cada meta e os horizontes de tempo para que esses desequilíbrios possam ser corrigidos.
- O mercado de trabalho, por sua vez, continua resiliente. O desemprego nos EUA ficou em 4,2% em março, com a criação de 228 mil empregos — superando as expectativas. Ainda assim, Powell reforçou que essas boas condições só são sustentáveis se a inflação estiver sob controle.
As declarações do presidente do Fed consolidam a percepção de que a instituição deve manter os juros estáveis nos próximos meses, enquanto monitora os desdobramentos da política comercial americana e seus efeitos sobre preços, confiança e atividade econômica.
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