...

Moody’s Não Vê Espaço Para Corte de Gastos Com Eleições à Vista e Alerta Para Rigidez Orçamentária no Brasil

Vice-presidente da agência, Samar Maziad, afirma que medidas estruturais de ajuste fiscal devem demorar e reforça que cenário-base ainda sustenta perspectiva estável do rating soberano do país.

A vice-presidente e analista sênior da Moody’s, Samar Maziad, afirmou na segunda-feira que a agência não vê espaço para cortes expressivos nos gastos públicos brasileiros com a aproximação das eleições presidenciais de 2026. A declaração foi feita durante entrevista a jornalistas após o evento anual da Moody’s em São Paulo. “Dado que já estamos falando sobre as eleições, e todo mundo de alguma forma já está de olho nisso, é difícil para nós ver grandes pacotes ou medidas realmente diferentes do lado dos gastos”, disse Maziad. A observação reforça a avaliação da Moody’s feita há onze dias, quando a agência revisou a perspectiva da nota soberana do Brasil de positiva para estável, afastando, assim, a sinalização de uma eventual recuperação do grau de investimento.

Notícias e Cobertura do Mercado Em Tempo Real Acesse: https://t.me/activtradespt

Rigidez fiscal é desafio central, diz agência

Maziad enfatizou que a rigidez orçamentária brasileira segue como obstáculo relevante para o avanço do país no cenário de crédito global. Segundo ela, as despesas obrigatórias crescem rapidamente e ocupam parcela significativa do orçamento, dificultando a adoção de medidas mais robustas de ajuste.

  • “Corrigir, com uma nova onda de reformas, essa rigidez orçamentária tornou-se chave para o Brasil melhorar o seu perfil de crédito”, afirmou.
  • A vice-presidente pontuou que o arcabouço fiscal atual é baseado em receitas e, portanto, requer medidas adicionais todos os anos para o cumprimento das metas estabelecidas.

Medidas recentes têm foco na receita, não nos gastos

Comentando as iniciativas em negociação entre o governo e o Congresso, Maziad considerou o processo positivo, mas destacou que as medidas estão concentradas na arrecadação – como taxação de apostas online (“bets”), produtos financeiros, fintechs e revisão de benefícios tributários – e não constituem uma reforma estrutural dos gastos públicos.

  • “Não achamos que isso esteja em discussão neste pacote. Então, acho que vai levar mais tempo para isso [as medidas estruturais] se materializar”, afirmou.

Perspectiva estável, mas dívida preocupa

A Moody’s projeta uma redução do déficit primário do governo brasileiro no curto prazo. No entanto, as despesas com juros em alta devem levar a uma elevação contínua no déficit nominal, ampliando a necessidade de financiamento do setor público e pressionando a dívida bruta.

  • Diante desse cenário, Maziad alertou que, em caso de deterioração fiscal significativa, a agência pode considerar um rebaixamento do rating do Brasil.
  • Ainda assim, esse não é o cenário-base atual.
  • “Estamos confortáveis”, afirmou, referindo-se à perspectiva estável do rating soberano do país, atualmente um nível abaixo do grau de investimento.

Notícias e Cobertura do Mercado Em Tempo Real Acesse: https://t.me/activtradespt

Mercado

Moedas

Economia