Investidores veem risco de alta nas taxas de longo prazo e piora fiscal caso Fed perca independência.
A possível demissão de Jerome Powell pelo presidente Donald Trump pode ter o efeito contrário ao desejado pelo governo, elevando os juros de longo prazo e ampliando o risco fiscal, segundo análises de Wall Street.
Apesar de Trump ter negado na quarta-feira planos de remover Powell, ele afirmou que “não descarta nada”, e o The New York Times relatou que uma carta de demissão já teria sido redigida.
- Trump pressiona há meses por cortes agressivos de juros e sugeriu recentemente no Truth Social que o Fed deveria reduzir as taxas em 3 pontos percentuais.
- Por outro lado, Powell afirmou que o banco central já teria cortado os juros se não fosse pelos anúncios de tarifas do governo Trump, que elevaram as expectativas de inflação.
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O JPMorgan advertiu que uma interferência na independência do Fed pode gerar o aumento dos prêmios de risco nos títulos públicos, com impacto negativo na economia.
- “Qualquer redução na independência do Fed provavelmente adicionaria riscos de alta à inflação, já pressionada pelas tarifas e expectativas inflacionárias elevadas”, escreveu Michael Feroli, economista-chefe do banco nos EUA.
- “Os participantes do mercado poderiam exigir maior compensação por esses riscos, elevando assim os juros de longo prazo e prejudicando a atividade econômica e a posição fiscal”, completou.
Atualmente, o rendimento do Treasury de 2 anos está em 3,911%, ante 4,24% no início do ano. O título de 10 anos, referência para taxas ao consumidor, caiu de 4,57% para 4,459%. No entanto, analistas alertam que essa tendência pode se reverter rapidamente.
O estrategista do Deutsche Bank, Jim Reid, destacou que a reação dos mercados na quarta-feira — entre os rumores e a negação de Trump — oferece uma estimativa do que pode acontecer em caso de demissão.
- Nesse intervalo, a probabilidade de destituição de Powell saltou 15 pontos percentuais, os juros de 10 anos subiram 5 pontos-base, os de 30 anos subiram 11 pontos-base, os de 2 anos caíram 5 pontos-base, e o euro valorizou 1,4% frente ao dólar.
- “Se quisermos projetar o impacto total de uma demissão, podemos multiplicar esses movimentos por quatro”, afirmou Reid.
- “Isso indicaria uma alta de 20 pontos-base nos juros de 10 anos, 45 pontos-base nos de 30 anos, queda de 20 pontos-base nos de 2 anos e uma desvalorização de quase 6% do dólar.”
A possível ação de Trump, embora tenha como objetivo cortes nos juros, pode assim provocar o efeito inverso, pressionando os mercados e aumentando a desconfiança sobre a autonomia do Federal Reserve.
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