Lula Aposta em Pacote de Crédito Para Recuperar Popularidade; Medida Pode Pressionar Inflação, Diz O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende impulsionar a economia e recuperar sua popularidade com o lançamento de um pacote de crédito. No entanto, a iniciativa levanta preocupações entre especialistas e integrantes da equipe econômica, que alertam para o risco de aumento da inflação e dos juros, contrariando a estratégia do Banco Central (BC) de conter a atividade econômica para reduzir a pressão inflacionária, conforme matéria de O Globo. Entre as medidas, a reformulação do crédito consignado para trabalhadores do setor privado é vista como um passo positivo para ampliar o acesso a essa modalidade, que já é amplamente utilizada por servidores públicos e aposentados do INSS. Contudo, economistas alertam que a ampliação do crédito neste momento pode gerar impactos adversos na inflação e nos juros. Além disso, o governo também editou uma Medida Provisória liberando R$ 12 bilhões do FGTS, o que pode aquecer ainda mais o consumo.

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Crédito consignado privado pode triplicar

O novo modelo de crédito consignado para trabalhadores do setor privado será implementado por meio da plataforma eSocial, permitindo que bancos tenham acesso às informações trabalhistas e consigam oferecer condições mais favoráveis.

  • Atualmente, as taxas do consignado privado são menores que as do crédito pessoal (40,8% ao ano contra 103,4%), mas ainda superiores às praticadas para aposentados e servidores (21,9% e 23,8%, respectivamente).
  • A expectativa do governo é que o estoque de crédito consignado privado triplique, atingindo R$ 120 bilhões.
  • Esse crescimento poderia impulsionar a economia, mas também entra em rota de colisão com o objetivo do BC de conter a inflação.
  • Em entrevista ao O Globo, Rafael Schiozer, professor da FGV-SP, diz que é necessário cautela na execução da medida para evitar um aumento excessivo do endividamento das famílias. Ele alerta que, caso haja uma oferta exagerada de crédito, o Brasil pode reviver a crise de 2015-2016.

Inflação no foco

Ouvida pelo O Globo, Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, avalia que a medida pode impulsionar o crescimento do crédito consignado de 2,2% para até 3% neste ano, desacelerando a retração esperada para 2025.

  • No entanto, ressalta que o momento da sua implementação é delicado, já que pode dificultar o trabalho do BC de reduzir a inflação para a meta de 3%.
  • A taxa Selic, que estava em 10,75% ao ano em setembro, subiu para 13,25% e pode atingir 14,25% em março.
  • O objetivo do BC é conter o crescimento da economia e reduzir a inflação, que atualmente está acima do teto da meta (4,5%).

Segundo fontes de O Globo, um técnico do governo afirma que o consignado privado pode ser uma alternativa importante para trabalhadores de baixa renda que, atualmente, dependem da antecipação do saque-aniversário do FGTS, que tem um custo anual de 23,9%.

  • No entanto, um outro interlocutor da equipe econômica pondera que a prioridade neste momento deveria ser a redução da inflação, e não o incentivo ao crédito, temendo que o BC precise adotar medidas ainda mais rigorosas para conter a alta de preços.

Risco de endividamento

O endividamento das famílias caiu desde o pico de 49,9% em 2022, mas segue elevado, registrando 48,2% em novembro de 2024.

  • Para Juliana Tomaz, gestora da Asset Management Warren, o momento não é adequado para lançar medidas que incentivem um novo ciclo de endividamento, considerando a pressão inflacionária e a política de juros elevados.

Segundo O Globo, o Ministério da Fazenda afirmou que o modelo final da medida ainda está em discussão interna e, por isso, não fará comentários neste momento.

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