Setor de consumo mostra sinais de fraqueza em meio à política comercial agressiva de Trump; McDonald’s, Harley-Davidson e Estée Lauder decepcionam investidores.
Resultados trimestrais decepcionantes de grandes empresas do setor de consumo nos Estados Unidos estão alimentando os temores de que os americanos estão começando a sentir de forma mais aguda o impacto das tarifas impostas pelo governo do presidente Donald Trump. O McDonald’s surpreendeu o mercado ao reportar uma queda nas vendas globais na quinta-feira, classificando o cenário atual como um dos “mais desafiadores dos últimos tempos”. A rede de fast food segue o tom de advertência de outras grandes do setor, como Domino’s Pizza, Chipotle Mexican Grill e Starbucks, que vêm apontando uma retração nas refeições fora de casa. A fabricante de cosméticos Estée Lauder também revisou para baixo suas projeções, prevendo uma queda nas vendas no exercício fiscal de 2025, acima do esperado. A Harley-Davidson, por sua vez, se juntou a outras empresas ao retirar suas previsões, citando um “ambiente macroeconômico incerto”.
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Para analistas de mercado consultados pela Reuters, os sinais de fragilidade no consumo doméstico são um reflexo direto da incerteza criada pelas tarifas abrangentes anunciadas por Trump no início de abril. “É muito difícil para os varejistas darem orientações sólidas quando não sabem se conseguirão seus estoques da China ou quanto irão pagar por eles”, disse Art Hogan, estrategista da B. Riley Wealth.
- A Estée Lauder observou que a queda nas vendas na América está ligada à perda de confiança do consumidor e aos altos níveis de estoque nos varejistas, que passaram a reduzir pedidos.
- Dados do Departamento de Comércio dos EUA mostraram que a economia do país encolheu 0,3% no primeiro trimestre — o pior desempenho em três anos — pressionada por um aumento de 41% nas importações, à medida que empresas correram para evitar tarifas.
Apesar da desaceleração, os consumidores ainda mostraram resiliência em alguns setores. A Visa e a Mastercard divulgaram números robustos, sugerindo que o consumo ainda resiste. No entanto, analistas alertam que o crescimento está sendo impulsionado por famílias de maior renda, um modelo que pode não ser sustentável.
- “O dado da Visa e da Mastercard mostra que os consumidores ainda estão gastando, mas os balanços do McDonald’s revelam que são os mais ricos que estão mantendo esse ritmo”, disse Brian Jacobsen, economista-chefe da Annex Wealth Management. “Sem uma reversão das tarifas, é provável que vejamos um colapso mais amplo nos gastos.”
Em meio ao nervosismo dos mercados, surgem sinais de que Washington estaria buscando negociações com a China para discutir as tarifas de até 145% — um possível primeiro passo para reduzir tensões. Mas enquanto isso não se concretiza, as projeções de crescimento permanecem pressionadas, e os executivos do setor de varejo seguem navegando em águas turvas.
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