CEO diz que barreiras comerciais não são solução para fortalecer indústria farmacêutica e defende incentivos fiscais.
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O presidente-executivo da Johnson & Johnson, Joaquin Duato, alertou que a imposição de tarifas sobre medicamentos nos Estados Unidos poderia causar escassez generalizada de remédios, ao interromper cadeias globais de suprimentos essenciais. A declaração ocorre em meio a sinais crescentes de que o governo do presidente Donald Trump poderá ampliar sua ofensiva tarifária para incluir o setor farmacêutico. Embora medicamentos tenham sido excluídos das tarifas abrangentes anunciadas neste mês, o governo Trump iniciou uma investigação sobre a dependência de importações na área da saúde, um movimento que pode resultar em novas barreiras comerciais. A investigação, aberta em 1º de abril, deve durar 21 dias. Duato, que comanda uma das maiores empresas farmacêuticas e de dispositivos médicos do mundo, afirmou em teleconferência com analistas:
“Há uma razão para as tarifas farmacêuticas serem zero. É porque as tarifas podem criar interrupções na cadeia de suprimentos, levando à escassez de medicamentos.”
Tarifas afetam já o setor de tecnologia médica
Mesmo antes da conclusão da investigação, dispositivos médicos — como os robôs cirúrgicos da própria J&J — já foram impactados pelas novas tarifas dos EUA.
- A empresa afirmou que US$ 400 milhões em custos no trimestre estão ligados, principalmente, a tarifas sobre tecnologia médica.
- Duato criticou a lógica da tarifação como estratégia industrial:
“Se o objetivo é aumentar a capacidade de produção nacional, tanto em tecnologia médica quanto em produtos farmacêuticos, a resposta não são tarifas, mas políticas tributárias inteligentes.”
Em março, a J&J anunciou um plano de investimento de US$ 55 bilhões em fábricas nos EUA ao longo dos próximos quatro anos — 25% a mais que nos quatro anos anteriores.
Reações cautelosas do setor
Apesar das preocupações, a indústria farmacêutica tem evitado confrontar publicamente a Casa Branca, na esperança de que negociações discretas possam evitar a imposição de tarifas.
- No entanto, os alertas de Duato vêm logo após Michel Demaré, presidente da AstraZeneca, afirmar que medidas protecionistas podem prejudicar pacientes, sistemas de saúde e a equidade no acesso a medicamentos.
- O diretor financeiro da J&J, Joe Wolk, afirmou que a empresa está disposta a colaborar com o governo para “mitigar vulnerabilidades nas cadeias de suprimentos da saúde” e que pretende “respeitar os processos da administração”.
Resultados superam expectativas
Apesar da pressão tarifária, a J&J manteve sua previsão de lucro ajustado por ação entre US$ 10,50 e US$ 10,70 para 2025.
- A empresa reportou vendas de US$ 21,9 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 2,4% em relação ao ano anterior e acima das expectativas dos analistas, que previam US$ 21,6 bilhões.
Com o setor de saúde cada vez mais no centro da guerra comercial, a tensão entre segurança nacional, proteção industrial e acesso a medicamentos promete dominar as discussões nos próximos meses — com possíveis consequências diretas para pacientes e sistemas de saúde ao redor do mundo.
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