Inflação nos EUA Acelera em Junho Com Impacto das Tarifas e Pode Adiar Corte de Juros Pelo Fed

Alta de preços em itens importados refletem os efeitos das tarifas impostas por Donald Trump e reforçam a cautela do Federal Reserve em reduzir as taxas de juros.

A alta de preços em itens importados como móveis, eletrodomésticos e roupas elevou a inflação dos Estados Unidos em junho, refletindo os efeitos das tarifas impostas pelo governo Trump e reforçando a cautela do Federal Reserve quanto à redução das taxas de juros.

O índice de preços ao consumidor subiu 0,3% no mês, com uma taxa anualizada de cerca de 3,5%. Em maio, a alta havia sido de 0,1%. Economistas já esperavam uma aceleração da inflação durante o verão, à medida que os efeitos das tarifas começassem a ser repassados.

• O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, subiu 2,9% em termos anuais, ligeiramente abaixo da projeção de 3%, mas acima do ritmo de maio.
• “Os preços do vestuário subiram, os preços dos móveis domésticos dispararam… e os produtos de recreação aumentaram”, disse Omair Sharif, da Inflation Insights.
• “Esses são itens muito importados e os aumentos foram substanciais.”

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Produtos como equipamentos de áudio e vídeo registraram alta de 1,1% no mês e 11,1% no ano — maior variação já registrada nesse grupo. Para o Federal Reserve, isso sinaliza um cenário de risco inflacionário diante da pressão tarifária.

• O presidente Trump, por outro lado, escreveu que os preços estão “BAIXOS” e voltou a pedir cortes nos juros.
• O Fed tem mantido a taxa básica em 4,25% a 4,5% desde dezembro.
• Apesar de os investidores ainda esperarem uma redução em setembro, a probabilidade de um corte na reunião de 29 e 30 de julho caiu para menos de 5%.

Analistas como Seema Shah, da Principal Asset Management, e Gregory Daco, da EY-Parthenon, destacaram que os impactos das tarifas ainda estão sendo transmitidos aos preços, o que justifica prudência por parte do Fed.

• “Seria sensato que o Fed permanecesse à margem por pelo menos mais alguns meses”, escreveu Shah.
• Dados de junho mostram que o índice PCE — medida preferida do Fed para a inflação — deve permanecer acima da meta de 2%.
• O núcleo do PCE já estava em 2,7% em maio, e pode atingir 3,1% até o fim de 2025.
• As tarifas previstas para 1º de agosto podem adicionar até 0,4 ponto percentual ao índice, segundo o economista Michael Feroli, do JP Morgan.

Sharif também chamou atenção para o aumento de 0,8% nas “commodities recreativas”, categoria que inclui brinquedos e eletrônicos, principalmente importados da China. Samuel Tombs, da Pantheon Macroeconomics, disse que “os custos tarifários são notavelmente visíveis nos dados do IPC de junho”.

• Segundo Tombs, os preços subiram especialmente em produtos altamente importados, como eletrodomésticos, equipamentos esportivos e brinquedos, com alta próxima de 2% no mês.
• Excluindo automóveis, os bens não alimentícios e não energéticos tiveram o maior aumento desde junho de 2022.

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