FMI Alerta Para Aumento de Risco Crescente de Recessão nos EUA e Defende Política de Juros do Fed

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta terça-feira que os Estados Unidos enfrentam um risco crescente de recessão, em meio ao agravamento das tensões comerciais globais impulsionadas pela política tarifária do presidente Donald Trump. O FMI ainda defendeu a política de juros do Federal Reserve, enfatizando que o Fed agiu corretamente ao manter as taxas de juros inalteradas enquanto monitora os efeitos econômicos das tarifas.

Em seu novo relatório World Economic Outlook, o FMI também cortou as projeções de crescimento para todos os países do G7 e grandes economias como China, Índia, Brasil e África do Sul, citando o impacto negativo da escalada nas barreiras comerciais. A instituição reduziu em quase um ponto percentual sua previsão de crescimento para os EUA em 2025, de 2,7% para 1,8%, e projetou uma taxa de 1,7% para 2026 — bem abaixo dos 2,8% observados em 2024. Apesar disso, os EUA devem continuar liderando o crescimento entre as economias avançadas. “A intensificação dos riscos de queda domina as perspectivas”, disse o FMI, destacando o potencial para instabilidade financeira mais ampla e danos ao sistema monetário internacional.

O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, reforçou a defesa da política de juros do Federal Reserve, destacando que o banco central norte-americano agiu corretamente ao manter as taxas inalteradas enquanto monitora os efeitos econômicos das tarifas.

• “Esperar e resolver as coisas parece muito apropriado neste momento”, disse Gourinchas, acrescentando que a independência do Fed é essencial para manter a inflação sob controle.
• O fundo elevou a probabilidade de recessão nos EUA de 25% para quase 40% e alertou que as tarifas em vigor, combinadas com o risco de novas elevações, pressionam a inflação e ameaçam o crescimento global.
• O FMI projeta inflação ao consumidor de 3% nos EUA em 2025, um ponto percentual acima do esperado anteriormente.

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Além dos EUA, o FMI cortou sua previsão para o crescimento global em 2025 para 2,8%, uma desaceleração em relação aos 3,3% de 2024. A projeção para 2026 foi ajustada para 3%.

• As previsões refletem a incorporação dos anúncios tarifários feitos entre 1º de fevereiro e 4 de abril, incluindo medidas dos EUA e contramedidas de parceiros comerciais, antes de Trump anunciar uma pausa de 90 dias na maioria das tarifas recíprocas, embora tenha elevado taxas sobre produtos chineses.
• Entre os países do G20, apenas Turquia, Argentina e Rússia devem registrar aceleração do crescimento este ano.
• A Alemanha deve ter crescimento nulo em 2025, com apenas 0,9% em 2026, enquanto o Reino Unido deverá crescer 1,1% e 1,4%, respectivamente.
• A China também deve desacelerar, com crescimento previsto de 4% tanto para 2025 quanto para 2026, abaixo dos 5% registrados em 2024.

Apesar da pausa nas tarifas anunciada por Trump, o FMI concluiu que sua extensão indefinida não alteraria de forma significativa o cenário de referência, dada a profundidade das barreiras comerciais impostas entre as duas maiores economias do mundo. Segundo o fundo, tais restrições tendem a reduzir a concorrência e a inovação, além de intensificar a busca por proteções, afetando negativamente as perspectivas de longo prazo.

“O maior risco que enfrentamos é uma nova escalada nas tarifas e nas tensões comerciais”, alertou Gourinchas. “As perspectivas de crescimento podem, no entanto, melhorar imediatamente se os países flexibilizarem sua atual postura de política comercial e firmarem novos acordos.”

As declarações do FMI ocorrem enquanto ministros e líderes econômicos de todo o mundo se reúnem em Washington para as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial, com os conflitos comerciais globais no centro das discussões.

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