Em meio a guerras comerciais e instabilidade geopolítica, a economista Mona Ali alerta que os choques causados por Trump podem corroer a confiança no dólar, embora sua predominância continue profundamente enraizada no sistema financeiro global.
A predominância global do dólar continua sendo um dos pilares da hegemonia dos Estados Unidos, mas está sendo colocada à prova por decisões políticas do presidente Donald Trump, segundo avaliação da economista Mona Ali. Ela aponta que o sistema do dólar, baseado em crédito internacional, está sendo abalado como não se via em gerações, especialmente pelas tarifas unilaterais e pela politização de instrumentos financeiros.
Ali destaca que, embora o dólar seja tratado como moeda de reserva internacional, sua real função está na sustentação de um sistema global de crédito que vai além do controle do Federal Reserve (Fed). Bancos estrangeiros emitem mais crédito em dólar que os próprios bancos americanos, o que amplia a natureza extraterritorial da moeda.
- Segundo a economista, esse regime de crédito internacional gera consequências globais em tempos de crise.
- “Enquanto países ricos têm acesso facilitado à liquidez do Fed, os mais pobres enfrentam disciplina e punição dos mercados”, afirmou Ali.
- O dólar, com sua ampla circulação, continua sendo o principal ativo seguro, mas os contratos de crédito em dólar, como swaps cambiais, revelam fragilidades ocultas.
- “Esses swaps são as ‘desconhecidas’ do sistema do dólar”, alertou.
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Os mercados de financiamento em dólar, em vez de apoiar a economia produtiva, giram principalmente em torno do refinanciamento de dívidas. O sistema, diz Ali, é visto por especialistas como um “não-sistema” devido à sua volatilidade e ao grau de informalidade nos mecanismos que o sustentam. A postura protecionista de Trump e sua ofensiva tarifária aumentaram os rendimentos dos títulos do Tesouro, derrubaram o dólar e provocaram queda nas bolsas.
- No Dia da Libertação, em 2 de abril, Trump anunciou tarifas recíprocas com base em “cálculos espúrios”, manchando o apelo de porto seguro da moeda americana.
- Ainda assim, “uma queda de 10% no dólar foi o único lado positivo da tempestade”, segundo observadores.
- Trump também causou incertezas jurídicas, ao sugerir a demissão de Jerome Powell, o que pode abalar o Estado de Direito que ancora o sistema financeiro internacional.
- “Se Trump nomear um bajulador para o Fed, a credibilidade da moeda será questionada”, alertou Ali.
Apesar das turbulências, a hegemonia do dólar persiste. Investidores privados, não mais apenas governos, continuam financiando o déficit americano por meio de compras de títulos do Tesouro, mesmo em meio a taxas de juros mais altas.
- A China, embora seja crítica do sistema dominado pelo dólar, continua ativamente envolvida.
- Em novembro de 2024, emitiu US$ 2 bilhões em títulos denominados em dólar com rendimentos quase equivalentes aos do Tesouro dos Estados Unidos.
- Mesmo retaliando tarifas de Trump com restrições a importações e exportações estratégicas, Pequim ainda opera dentro da lógica do sistema do dólar.
Por fim, Ali observa que “desdolarização” continua um processo incipiente e limitado. A transição do poder monetário global, como ocorreu da libra esterlina para o dólar, tende a ser gradual e turbulenta. E, atualmente, os Estados Unidos ainda mantêm poder econômico, político e militar muito acima de possíveis rivais.
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