Projeto três vezes maior que Três Gargantas promete impulsionar crescimento e energia limpa, mas preocupa Nova Déli e ambientalistas.
A China deu início à construção de uma mega-barragem no Tibete, com custo estimado de 1,2 trilhão de yuans (US$ 167 bilhões), mesmo diante de riscos ambientais significativos e tensões geopolíticas com a Índia. A obra é considerada três vezes maior que a Barragem das Três Gargantas e poderá se tornar o maior projeto de geração de energia do mundo.
- O primeiro-ministro Li Qiang lançou o projeto no sábado, nas margens do rio Yarlung Tsangpo, e anunciou a criação da China Yajiang Group, empresa responsável pelo desenvolvimento. A barragem, localizada em Nyingchi, terá cinco represas em cascata e poderá gerar até 70 gigawatts de eletricidade — mais do que toda a capacidade instalada da Polônia.
- A expectativa é de que o projeto aumente o crescimento econômico da China em até 0,1 ponto percentual em seu primeiro ano, além de fornecer um impulso significativo ao setor de energia limpa e a indústrias como cimento, aço e construção.
- As ações da Power Construction Corp., China Energy Engineering, Huaxin Cement e Anhui Conch Cement dispararam em Xangai e Hong Kong após o anúncio.
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A Índia, no entanto, expressou formalmente sua preocupação em dezembro passado, temendo o impacto do projeto sobre o estado de Arunachal Pradesh, por onde o rio também passa. O ministro estadual Ojing Tasing afirmou que “a China já iniciou a construção da barragem e não podemos ficar parados”, destacando que a Índia está acelerando seus próprios projetos hidrelétricos na região.
- O projeto surge em meio à recente retomada do diálogo entre Pequim e Nova Déli, após anos de tensão por disputas de fronteira.
- Mesmo assim, os laços continuam frágeis, com restrições indianas a empresas chinesas, retirada de funcionários de fábricas e desentendimentos em torno do apoio militar da China ao Paquistão.
Do lado ambiental, a construção da barragem ameaça uma área de grande biodiversidade no desfiladeiro de Yarlung Tsangpo, onde o rio desce 2.000 metros em 50 quilômetros, além de desafios logísticos para transporte de materiais e instalação de linhas de transmissão.
- Embora o financiamento da obra ainda não esteja claro, analistas do Citigroup veem pouca dificuldade, dada a capacidade da China de emprestar para grandes obras e usar a venda futura de energia para amortizar custos.
O anúncio derrubou os futuros de títulos soberanos chineses, refletindo apostas de que a barragem trará estímulo econômico significativo e diminuirá o apelo de ativos de proteção como a dívida pública.
- A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma já havia incluído o projeto em seu plano anual entregue ao Congresso chinês.
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