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China Adota Postura Mais Cautelosa em Apoio ao Irã Após Entrada dos EUA na Guerra com Israel

Pequim modera discurso e observa vantagens estratégicas em meio ao risco de escalada no Oriente Médio.

A China passou a adotar um tom mais contido em seu apoio ao Irã, após os Estados Unidos entrarem diretamente na guerra entre Israel e o Irã, com bombardeios no sábado a instalações nucleares iranianas. Apesar de uma demonstração inicial de solidariedade a Teerã, a retórica de Pequim evoluiu para uma abordagem mais prudente, à medida que analistas apontam potenciais ganhos estratégicos para a China diante da escalada.

“A China condena veementemente os ataques dos EUA ao Irã e o bombardeio de instalações nucleares sob as salvaguardas da AIEA”, afirmou o embaixador da China na ONU, Cong Fu, durante reunião do Conselho de Segurança da ONU, no domingo. Ainda assim, Fu enfatizou que a crise deve ser resolvida “por meio do diálogo e da negociação”.

A China aprofundou sua parceria estratégica com o Irã nos últimos anos, firmando em 2021 um acordo de 25 anos abrangendo cooperação econômica, militar e de segurança. O Estreito de Ormuz, crucial para o comércio global de petróleo e estratégico para o abastecimento de Pequim, está no centro das atenções.

  • Cerca de 20% do petróleo mundial passa pelo estreito, com a China recebendo metade de suas importações por essa rota, muitas vezes contornando sanções com transações em yuans e logística alternativa.
  • Entretanto, segundo analistas da Evercore ISI, Neo Wang avalia que “a China provavelmente manterá suas mãos longe do Irã em qualquer caso”, limitando sua atuação direta no conflito.
  • Em um cenário de prolongamento da tensão, Pequim poderia ver vantagem estratégica, uma vez que o envolvimento dos EUA no Oriente Médio representa, segundo Wang, “uma distração maior para Washington”, especialmente em meio à guerra comercial entre as duas potências.

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Embora o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, tenha classificado os ataques de Israel como “inaceitáveis” em conversa com seu homólogo israelense, Pequim evitou condenações diretas e segue buscando manter um papel de possível mediadora.

  • “A China condena violações de soberania, mas ao mesmo tempo evita criticar diretamente Israel, mantendo alinhamento diplomático com o Irã”, analisou o Eurasia Group.

Nos bastidores, a posição chinesa também considera os potenciais efeitos econômicos de um eventual fechamento do Estreito de Ormuz, aprovado pelo parlamento iraniano, mas ainda pendente de decisão pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã.

  • Alguns analistas sugerem que a China suportaria melhor um eventual bloqueio do que os EUA e a Europa, graças a fornecedores alternativos como Rússia, Arábia Saudita, Malásia, Iraque e Omã.
  • “A China ficará feliz em ver um grande aumento nos preços do petróleo se isso desestabilizar os EUA e a Europa”, disse Robin Brooks, da Brookings Institution.
  • Na mesma linha, Andrew Bishop, da Signum Global Advisors, afirmou que “a China pode não se incomodar em pagar mais por petróleo se isso significar mais pressão sobre Washington”.

Apesar do discurso conciliador na ONU, Pequim não ofereceu apoio material ao Irã, nem se propôs a mediar formalmente o conflito. Segundo Andy Rothman, da Sinology LLC, a China “pode estar desencorajando o Irã de retaliar militarmente contra os EUA”, temendo os riscos de desestabilização regional que poderiam atingir sua própria economia.

  • Enquanto o quadro permanece incerto, a atuação chinesa reflete um cálculo cuidadoso de riscos e oportunidades em meio à crescente tensão entre Washington e Teerã.

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