Magda Chambriard cita instabilidade global e defende cautela diante de cenário geopolítico incerto.
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A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou na segunda-feira que a estatal dificilmente reduzirá os preços do diesel no curto prazo, mesmo após um pedido formal do governo federal. A declaração, feita em entrevista à agência Reuters, ocorre em meio à crescente pressão política por cortes no preço dos combustíveis, em especial o diesel, que tem impacto direto sobre o transporte e o custo de vida no Brasil. Segundo Chambriard, a companhia não pretende “trazer os nervosismos de fora para o mercado brasileiro” e considera inadequado realizar mudanças nos preços enquanto o cenário internacional permanece volátil. “Não devemos fazer nada agora, enquanto o cenário geopolítico está tão ansioso e turbulento”, disse a executiva, por telefone.
A manifestação acontece após reportagens revelarem que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, solicitou que a Petrobras avaliasse uma nova redução no valor médio do diesel vendido às distribuidoras.
- De acordo com fontes ligadas ao governo, Silveira mencionou a recente queda nas cotações internacionais do petróleo e a estabilidade cambial como fatores que abririam espaço para a medida.
Queda nas ações e tensão nos mercados
A resistência da Petrobras ao pedido do governo não passou despercebida pelo mercado financeiro. As ações ordinárias da companhia (PETR3) recuaram 5,6% na bolsa de São Paulo na segunda-feira, pressionando o Ibovespa, que encerrou o dia com queda de 1,3%.
- O recuo nos preços globais do petróleo está ligado à recente onda de tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 2 de abril.
- A medida elevou os temores de uma recessão global e de queda na demanda por energia. Curiosamente, a mais recente redução da Petrobras — de 4,6%, ou R$ 0,17 por litro — havia sido anunciada um dia antes.
Histórico de pressão política
O episódio reacende um debate recorrente sobre a interferência do governo nos preços praticados pela Petrobras.
- Historicamente, presidentes da República têm pressionado a companhia a reduzir os valores dos combustíveis, principalmente em momentos de alta da inflação ou desgaste político.
- Chambriard, no entanto, dá sinais de que não pretende ceder a pressões pontuais, especialmente em um momento de incerteza global.
- A postura da empresa vem sendo monitorada de perto por investidores e agentes do setor, que temem uma possível volta à política de controle de preços que vigorou em gestões passadas.
Diesel acima da paridade de importação
De acordo com a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço do diesel praticado pela Petrobras estava, na última sexta-feira, 5% acima da paridade de importação — ou seja, o valor que permitiria que o combustível fosse competitivo com o produto vindo do exterior.
- A disparidade levanta dúvidas sobre a sustentabilidade da atual política de preços da estatal e pode fortalecer os argumentos do governo por novos cortes.
- Ainda assim, a decisão final deve considerar os riscos associados à volatilidade cambial e ao cenário externo — fatores que, segundo Chambriard, ainda exigem prudência.
Expectativa de novos capítulos
Com a pressão política em alta e os mercados atentos, a Petrobras se vê diante de mais um teste de sua autonomia de gestão. A decisão sobre novos ajustes nos preços do diesel — ou sua manutenção — deverá continuar no centro do debate entre Brasília e a sede da companhia, no Rio de Janeiro.
Enquanto isso, consumidores, caminhoneiros e o setor de transportes seguem aguardando uma possível trégua nos preços nas bombas. Mas, por ora, a resposta da Petrobras é clara: não é o momento.
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