Secretária Tatiana Prazeres destaca compromisso com o multilateralismo e oportunidades com UE, EFTA e China em cenário global incerto.
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Diante da crescente instabilidade no comércio internacional e do endurecimento das políticas tarifárias dos Estados Unidos, o Brasil reafirmou na quinta-feira sua estratégia de negociação contínua com Washington, ao mesmo tempo em que busca ampliar sua rede de acordos comerciais e fortalecer laços com outros blocos e parceiros estratégicos. Durante evento promovido pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, destacou que o país segue firme no compromisso com o multilateralismo e com um sistema de comércio baseado em regras. “Nossa abordagem (com os EUA) é negociar, negociar e negociar — é isso que temos feito”, afirmou.
Diversificação como estratégia de resiliência
Prazeres ressaltou que a conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia, atualmente em fase de ratificação, poderá abrir novas frentes para a diversificação das exportações brasileiras.
- Segundo ela, aumentar a presença no mercado europeu não só impulsiona as vendas externas, mas também diminui a dependência de mercados voláteis ou sujeitos a decisões unilaterais, como as que vêm sendo tomadas pelos EUA.
- Além da UE, o Mercosul avança nas negociações com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), formada por Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, outro mercado considerado estratégico para os países do bloco sul-americano.
Efeitos colaterais da guerra tarifária dos EUA
Ao comentar os recentes anúncios tarifários do governo Trump, Prazeres lembrou que o Brasil já se beneficiou de mudanças no fluxo comercial global durante o primeiro mandato do republicano, como no caso da soja, quando a guerra comercial entre EUA e China abriu espaço para as exportações brasileiras. No entanto, ela foi enfática ao criticar a volatilidade gerada por tarifas unilaterais.
“Há riscos significativos para a economia global, o comércio internacional e a governança comercial”, alertou.
“O Brasil sempre apoiou o multilateralismo e o comércio baseado em regras e não quer ver a situação atual se deteriorar.”
Apesar de possíveis ganhos pontuais, a secretária alertou que o Brasil não possui mercados alternativos para substituir a escala de compras da China em certos produtos, como soja e minério de ferro, o que torna o equilíbrio geoeconômico ainda mais relevante.
China: parceiro vital, mas também desafiador
No tocante à China — maior parceiro comercial do Brasil — Prazeres reforçou que o relacionamento bilateral é “duplo”: por um lado, o país asiático é destino de boa parte das exportações brasileiras; por outro, suas exportações pressionam setores industriais locais.
- Ela defendeu a remoção de barreiras sanitárias, fitossanitárias e regulatórias como forma de ampliar o acesso de produtos brasileiros ao mercado chinês.
- Ao mesmo tempo, reconheceu que o investimento chinês em setores estratégicos, como o automotivo, tem ajudado a compensar parte dos impactos da concorrência externa.
O Brasil em meio à reconfiguração do comércio global
A fala da secretária ocorre em um momento crítico para o comércio internacional. A escalada de tensões tarifárias entre grandes potências — sobretudo entre os EUA, a União Europeia e a China — gera incertezas sobre a estabilidade das cadeias globais de valor.
- Para o Brasil, que tradicionalmente adota uma postura conciliadora e voltada para o diálogo multilateral, o atual cenário representa tanto riscos quanto oportunidades.
- Ao apostar na diversificação de mercados e em negociações constantes com parceiros estratégicos, o Brasil sinaliza que quer ser um ator relevante na redefinição das regras do comércio global — mas sem abrir mão da previsibilidade, da estabilidade e do compromisso com instituições multilaterais.
Em um mundo em que tarifas podem mudar da noite para o dia, o Brasil aposta em constância e diplomacia.
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