Retorno sobre patrimônio das companhias pode cair abaixo dos níveis da pandemia; crédito às famílias preocupa por aumento de risco e deterioração nas concessões.
O Banco Central do Brasil estimou nesta terça-feira que a lucratividade das empresas não financeiras sofrerá um forte declínio até setembro deste ano, como consequência direta do agressivo ciclo de alta da taxa Selic, atualmente em 14,25%. A projeção consta do Relatório de Estabilidade Financeira da autoridade monetária, que aponta para um retorno mediano sobre o patrimônio líquido (ROE) de apenas 3,92%, o menor patamar desde 2017 e abaixo do registrado durante a pandemia da COVID-19. Segundo o documento, esse desempenho marca uma queda acentuada em relação aos 8,92% observados em setembro de 2024, quando o BC começou a elevar os juros para conter a inflação — que em meados de abril estava em 5,49%, bem acima da meta de 3%. Se confirmado, o ROE projetado também ficará abaixo dos 5,54% registrados no auge da pandemia, em junho de 2020. “O atual ciclo de aumento das taxas de juros terá um impacto significativo sobre as empresas não financeiras, embora menos severo do que durante a recessão de 2015-2016”, escreveram os técnicos do banco. O relatório alerta ainda para a expectativa de queda relevante na capacidade de pagamento das empresas.
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Crédito às famílias em foco
Além da deterioração na rentabilidade corporativa, o Banco Central destacou a expansão acelerada do crédito às famílias no segundo semestre de 2024, principalmente em segmentos de maior risco e entre tomadores de menor renda.
- A tendência, mesmo diante do aperto monetário, levanta preocupações sobre a qualidade do crédito concedido.
- O crescimento foi especialmente forte em financiamentos para automóveis usados, com entrada reduzida, e em empréstimos pessoais sem garantia, onde os critérios de concessão se tornaram mais frouxos.
- A autoridade monetária afirmou que as instituições financeiras estão adotando uma postura mais cautelosa para 2025, com menor tolerância ao risco.
“O cenário exige cautela e diligência adicionais para manter a qualidade dos empréstimos, especialmente diante dos riscos à atividade econômica, das restrições de renda das famílias e do endividamento elevado de empresas de menor porte”, afirmou o BC.
A avaliação do relatório reforça a mensagem de vigilância contínua por parte da autoridade monetária em um ambiente de inflação elevada, juros altos e deterioração das condições financeiras, com impactos diretos tanto no setor corporativo quanto na saúde financeira das famílias brasileiras.
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