Autoridades do Federal Reserve afirmaram na segunda-feira que o acordo entre Estados Unidos e China para reduzir temporariamente as tarifas de importação mais agressivas diminui os riscos imediatos à economia americana, embora os níveis tarifários ainda elevados continuem gerando pressão inflacionária e incerteza.
A governadora do Fed, Adriana Kugler, declarou que a pausa de 90 dias nas tarifas – agora fixadas em 30% para produtos chineses – representa uma melhora nas relações comerciais e reduz a probabilidade de o banco central precisar cortar juros em resposta a uma desaceleração econômica. “Obviamente, é uma melhoria”, disse ela em evento do Banco Central da Irlanda. No entanto, alertou que as tarifas continuam “muito altas” e ainda devem provocar aumento de preços e arrefecimento da atividade. Kugler indicou que, embora o impacto das tarifas deva ser mais moderado do que se temia, o Fed permanece em modo cauteloso. “Minha perspectiva básica pode ter mudado em termos da magnitude das ferramentas que precisaremos usar”, disse.
Notícias e Cobertura do Mercado Em Tempo Real Acesse: https://t.me/activtradespt
Em entrevista ao New York Times, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, concordou que o acordo reduz o risco de estagflação, mas frisou que a alíquota atual continua até cinco vezes maior do que os níveis pré-guerra comercial.
- “Isso tornará o crescimento mais lento e fará os preços subirem”, afirmou.
- Na esteira do acordo, investidores passaram a prever um início mais tardio do ciclo de cortes de juros.
- Agora, o primeiro corte de 0,25 ponto percentual é esperado apenas em setembro, com redução total de 50 pontos-base até o fim de 2025 — menos do que se projetava antes da trégua comercial, quando o mercado antecipava cortes já a partir de julho.
O FOMC manteve a taxa básica entre 4,25% e 4,50% na reunião da semana passada e indicou que continuará esperando sinais mais claros sobre os efeitos das tarifas antes de alterar a política monetária.
- A possibilidade de um acordo mais duradouro e menos inflacionário foi destacada como o cenário mais favorável.
- Economistas da consultoria do ex-diretor do Fed, Larry Meyer, afirmaram que a trégua “reduz a chance de uma deterioração do mercado de trabalho que forçasse o Fed a afrouxar a política monetária, mesmo com inflação elevada”.
Kugler também alertou para impactos de médio prazo à reputação dos EUA como parceiro comercial confiável. “Se esse tipo de conflito se prolongar, outros países podem buscar parceiros mais estáveis em suas cadeias de suprimentos”, disse.
- Ela acrescentou que o Fed enfrenta dificuldade até mesmo para avaliar o ritmo real da economia, com dados recentes distorcidos por efeitos colaterais da corrida para antecipar importações antes da imposição das tarifas.
- “Está difícil determinar o crescimento subjacente da economia americana neste momento”, concluiu.
Notícias e Cobertura do Mercado Em Tempo Real Acesse: https://t.me/activtradespt