Goldman Sachs Vê Eleição Presidencial Como Gatilho Para Fusões e Aquisições no Brasil

Expectativa por governo mais favorável ao mercado pode impulsionar negócios em setores estratégicos.

A eleição presidencial de 2026 no Brasil é vista como um possível gatilho para a retomada do mercado de fusões e aquisições, segundo executivos do Goldman Sachs e da Seneca Evercore. Apesar do aumento de 41% no valor em dólares das fusões e aquisições anunciadas em 2025, o número de transações caiu 25%, reflexo de juros elevados e incertezas fiscais.

“A eleição do ano que vem pode ser um gatilho para que um universo muito mais amplo de participantes aumente substancialmente sua convicção e invista mais capital no país”, disse Ricardo Bellissi, codiretor do banco de investimento no Brasil do Goldman Sachs. Ele afirmou que investidores estrangeiros com visão estratégica seguem ativos no país, mesmo diante do ruído político e econômico.

Entre os setores com maior atividade estão os chamados “defensivos”, como eletricidade, recursos naturais e petróleo, que responderam por 63% dos negócios em 2025, segundo Daniel Wainstein, da Seneca Evercore. “Os investidores internacionais estão muito menos interessados no Brasil, muito mais relutantes do que vimos em outras épocas”, disse ele.

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O cenário de juros também pesa. A taxa básica foi elevada para 15%, o maior nível desde 2006, e o impasse fiscal se agravou com a anulação pelo Congresso do decreto de aumento do IOF, que o governo contava para cumprir metas orçamentárias.

Segundo Pedro Muzzi, do Goldman Sachs, o mercado brasileiro tem se concentrado em transações únicas com ativos não replicáveis, com 70% dos negócios envolvendo valores superiores a US$ 1 bilhão.

Exemplos incluem:

• A Suzano comprou 51% da joint venture com a Kimberly-Clark por US$ 1,73 bilhão;
• O Goldman Sachs assessorou o Julius Baer na venda para o BTG Pactual;
• A CMA CGM adquiriu 51% da Santos Brasil, maior porto do país;
• A Seneca atuou na venda de participação da Manchester Investimentos para a XP Inc.

Apesar do otimismo, Wainstein ressalta a cautela: “Gostaríamos de ver um governo que esteja fazendo reformas estruturais, reduzindo despesas”, afirmou. “A máquina administrativa precisa ser enxuta de forma mais eficiente, sem sufocar os empreendedores brasileiros.”

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