Principais economias da América Latina estudam atualização de pacto que reduz tarifas sobre cerca de 800 produtos.
Brasil e México iniciaram negociações preliminares para aprofundar seu acordo comercial, numa tentativa de impulsionar parcerias econômicas além da China e dos EUA de Donald Trump, segundo fontes do Financial Times próximas ao processo.
Os dois países, maiores economias da América Latina, já mantêm um pacto desde o início dos anos 2000 que reduz ou isenta tarifas de importação sobre cerca de 800 categorias de produtos, mas agora buscam ampliar significativamente esse escopo.
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Desde que Claudia Sheinbaum assumiu a presidência do México em outubro, diplomatas de ambos os lados vêm mantendo conversas informais para estabelecer os termos de futuras negociações formais.
- Durante esse período, Sheinbaum e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniram quatro vezes, com declarações públicas reiterando o desejo mútuo de aprofundar os laços econômicos.
- “Nós podemos fornecer o que o Brasil não tem e eles podem fornecer o que o Brasil tem e nós não, não só em termos de acordo comercial, mas também em termos de investimentos”, afirmou Sheinbaum.
Para o Brasil, há interesse dos setores industrial e agropecuário em ampliar exportações ao México, enquanto o governo mexicano vê no Brasil oportunidades de investimento em setores como aeroespacial e farmacêutico, além de uma chance de reduzir a dependência dos EUA em importações agrícolas, como milho amarelo.
- “Há muito entusiasmo de ambos os países, muita vontade de ambos”, disse uma pessoa envolvida nas tratativas ao Financial Times.
- “Há uma profunda afinidade política, programática e ideológica… o diálogo ocorre em todos os níveis.”
O comércio bilateral entre os dois países somou apenas US$ 13,6 bilhões em 2024, com superávit de US$ 2 bilhões para o Brasil, cifra pequena frente aos US$ 840 bilhões entre EUA e México ou aos US$ 161,8 bilhões entre Brasil e China no mesmo ano.
- Lula, defensor de uma maior integração latino-americana, vê nesse movimento uma forma de fomentar a prosperidade regional por meio da melhora nas relações comerciais e na infraestrutura.
- O aprofundamento das negociações, no entanto, deve avançar com cautela, a fim de evitar tensões com Washington ou Pequim.
- Os dois lados ainda discutem se será feita uma ampliação do pacto atual ou a criação de um acordo comercial mais amplo, possivelmente incluindo proteção de investimentos.
Enquanto isso, o México se prepara para renegociar o USMCA com EUA e Canadá, e o Brasil se encaminha para eleições presidenciais em 2026, o que pode restringir recursos políticos para um novo acordo abrangente.
- Diante disso, atualizar o acordo existente parece mais viável no curto prazo, disseram autoridades.
- O Ministério da Indústria e Comércio do Brasil confirmou que as conversas estão em andamento.
- Já o Itamaraty não respondeu aos pedidos de comentário.
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