Proposta de redução linear dos gastos tributários não incluirá desonerações da cesta básica, buscando reduzir resistências no Congresso, segundo fontes do Broadcast.
O governo brasileiro vai preservar os benefícios fiscais da cesta básica na proposta de corte linear de gastos tributários, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, em meio a pressões de setores do Congresso e do agronegócio. A proposta, que tramitará por projeto de lei complementar (PLP), busca reduzir uniformemente os incentivos fiscais sem necessidade de alterações em leis específicas.
A medida visa conter resistências, principalmente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que argumenta que uma redução dos incentivos encareceria os alimentos, pressionando a inflação. De acordo com a FPA, dos R$ 158 bilhões em renúncia fiscal estimados pelo Ministério da Fazenda, R$ 88 bilhões são referentes à desoneração de itens básicos como arroz, feijão, carne, leite e ovos.
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Segundo levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agronegócio respondeu por 11,7% dos gastos tributários federais entre 2011 e 2024, enquanto a indústria concentrou 14,5% e comércio e serviços 73,1%.
- “A aparente ideia de que o agronegócio seria o maior beneficiado se configura em um mito“, afirmou a CNA em nota técnica.
- A CNA também destacou que 57,92% dos benefícios ao setor estão ligados à desoneração da cesta básica em 2024, enquanto 13,5% referem-se a subsídios à exportação rural.
- “Essa redução de alíquotas sobre alimentos visa beneficiar os consumidores, especialmente os de baixa renda“, disse a entidade.
- Fontes da agroindústria ouvidas pelo Broadcast alertam que revisões em PIS/Cofins sobre insumos agropecuários, incentivos da Zona Franca de Manaus, compensação cruzada de créditos e crédito presumido podem afetar a competitividade do setor.
- “Se for linear e pegar todos, será difícil de segurar, mas se abrir exceção, vários setores caem fora“, avaliou uma fonte ao Broadcast.
O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou ao O Globo que o governo pretende propor um corte linear de 10% nos benefícios fiscais, com arrecadação estimada em R$ 20 bilhões por ano.
- O texto definirá mecanismos específicos para diferentes tipos de benefícios, como isenções fiscais e créditos presumidos.
- Estimativas obtidas pelo Broadcast apontam que, excluindo a Zona Franca, o Simples Nacional, entidades sem fins lucrativos e benefícios do agro, a arrecadação poderia cair para R$ 14 bilhões.
- Analistas observam, porém, que o cenário pode ser ainda mais restritivo devido à força dos lobbies contrários à medida.
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