Acordo garante acesso dos EUA a recursos estratégicos e pode inspirar novos acordos com países em conflito ou em desenvolvimento.
A administração do presidente Donald Trump está promovendo o recente pacto sobre recursos minerais com a Ucrânia como um modelo para futuros acordos internacionais, nos quais os Estados Unidos possam obter retorno financeiro direto em troca de apoio diplomático e militar. O acordo, assinado na quarta-feira em Washington pela vice-primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, e pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, concede aos Estados Unidos direitos prioritários sobre receitas provenientes de novos projetos de exploração de recursos naturais ucranianos, como grafite, alumínio, gás e petróleo. Segundo autoridades americanas, trata-se de uma nova abordagem da política externa dos EUA: transformar assistência em ativos estratégicos. “O povo americano poderá compartilhar dos frutos do crescimento econômico em regiões que normalmente só apoiaríamos por meio de doações ou empréstimos”, disse um alto funcionário do Tesouro em conversa com jornalistas do Financial Times. “É uma virada de chave no uso da diplomacia como instrumento de geração de retorno.” O acordo prevê a criação de um fundo bilateral de reconstrução financiado com parte das receitas de novas concessões, que será reinvestido na Ucrânia pelos primeiros dez anos. Parte dos lucros também poderá ser usada para reembolsar a ajuda militar futura fornecida pelos EUA.
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O modelo poderá ser replicado em outras regiões.
- O enviado de Trump para a África, Massad Boulos, indicou que negociações semelhantes estão em andamento entre os EUA e os governos da República Democrática do Congo e de Ruanda, como parte de um esforço para mediar a paz entre os dois países e, ao mesmo tempo, garantir acesso a minerais críticos.
- A abordagem recebeu elogios de aliados de Trump, que veem nela uma forma pragmática de alinhar interesses econômicos e geopolíticos.
- Mas também gerou críticas por deixar de lado garantias de segurança mais amplas à Ucrânia e por abrir espaço a uma diplomacia transacional.
“O acordo com a Ucrânia reflete a visão de Trump de que a política externa americana deve gerar retorno financeiro direto”, disse Torrey Taussig, ex-funcionária do governo Biden. “Isso representa um afastamento das abordagens tradicionais da diplomacia baseada em valores.”
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, afirmou que o pacto passou por revisões significativas durante as negociações e hoje representa uma “parceria verdadeiramente igualitária”. “Ele cria condições para modernização industrial e avanços legais na Ucrânia”, escreveu em suas redes sociais.
- Apesar do otimismo, o acordo ainda precisa de detalhamento técnico.
- Segundo Svyrydenko, dois documentos adicionais definindo as regras de operação do fundo ainda estão em fase de elaboração e podem levar meses para serem finalizados.
Além disso, a continuidade dos ataques russos e a ausência de um cessar-fogo estável continuam a lançar dúvidas sobre a viabilidade de grandes projetos em áreas próximas às linhas de frente.
- O enviado de Trump, Steve Witkoff, reuniu-se com o presidente russo Vladimir Putin na semana passada, mas não houve avanço significativo nas negociações de paz.
- Mesmo assim, o governo americano acredita que o acordo sinaliza um comprometimento de longo prazo com uma Ucrânia soberana e economicamente viável.
- “É um aviso à Rússia e uma aposta estratégica em nosso próprio interesse nacional”, disse Bessent.
O pacto pode abrir caminho para uma nova era na política externa dos EUA — uma em que apoio militar e diplomático venha acompanhado de participação direta em ativos econômicos e recursos naturais dos países aliados.
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