Criptomoeda sobe 12% no mês e reacende debate sobre seu papel como refúgio seguro em tempos de instabilidade econômica e política.
O Bitcoin registrou desempenho superior ao ouro e às ações de tecnologia em abril, com valorização de cerca de 12%, reacendendo o debate sobre seu papel como porto seguro em meio à crescente incerteza causada pela política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump. Desde o anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril — chamado por Trump de “Dia da Libertação” — os mercados globais enfrentam forte volatilidade. O Nasdaq Composite recuou 0,2%, enquanto o Bloomberg Dollar Index caiu 4%. O ouro chegou a atingir a máxima histórica de US$ 3.500 por onça antes de reduzir os ganhos, fechando o mês com alta de 6,1%. O Bitcoin, por sua vez, se destacou pela recuperação rápida após uma queda inicial que acompanhou os ativos de risco.
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A recuperação da criptomoeda coincidiu com a elevação dos rendimentos dos títulos do Tesouro de longo prazo e uma crescente busca dos investidores por proteção contra riscos fiscais, políticos e institucionais nos EUA.
- Entre os destinos alternativos, o franco suíço, o euro, o ouro e o próprio Bitcoin se destacaram.
- “A correlação de 30 dias entre o Bitcoin e os principais índices de ações ainda está em torno de 0,6 — não é baixa”, disse David Lawant, chefe de pesquisa da FalconX, ao alertar contra a leitura precipitada de um “desacoplamento” do Bitcoin em relação aos ativos de risco.
- O que chama atenção, segundo ele, é o beta anormalmente baixo da criptomoeda durante o recente estresse de mercado, sinalizando que investidores começam a vê-la como um ativo mais maduro e defensivo.
O fluxo de capital também reforça essa mudança de percepção. Em abril, fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin listados nos EUA receberam cerca de US$ 2,9 bilhões em aportes, revertendo as saídas líquidas registradas em março e fevereiro, de US$ 811 milhões e US$ 3,6 bilhões, respectivamente.
- Para Geoff Kendrick, chefe global de pesquisa de ativos digitais do Standard Chartered, o movimento aponta para uma “realocação estratégica de ativos, afastando-se dos ativos americanos”.
- Em nota recente, Kendrick argumentou que o Bitcoin pode ser uma proteção mais eficaz do que o ouro, citando sua “natureza descentralizada” como vantagem frente aos riscos sistêmicos e à interferência política no Federal Reserve.
A crescente instabilidade global e os temores com a credibilidade da política econômica dos EUA alimentam a tese de que o Bitcoin está deixando de ser apenas um ativo especulativo para se firmar como instrumento estratégico de proteção, especialmente em um cenário onde a confiança institucional está sendo testada.
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