Derretimento das gigantes pressiona o índice brasileiro em meio à guerra comercial entre EUA e China.
Notícias e Cobertura do Mercado Em Tempo Real Acesse: https://t.me/activtradespt
A turbulência que tomou conta dos mercados globais após o anúncio de novas tarifas pelos Estados Unidos está deixando marcas profundas na Bolsa brasileira. Embora quase metade dos papéis do Ibovespa tenha apresentado valorização neste mês, os ganhos somados de todas essas ações representam menos da metade das perdas acumuladas por apenas duas empresas: Petrobras e Vale, gigantes que puxam o índice para baixo. Levantamento do Broadcast mostra que, até o fechamento da sexta-feira (11 de abril), 43 dos 87 papéis que compõem o Ibovespa registraram aumento no valor de mercado, totalizando R$ 41,51 bilhões em ganhos. As maiores altas vieram de empresas ligadas ao consumo e ao setor financeiro, como Localiza (R$ 4,66 bilhões), Itaú Unibanco (R$ 3,97 bilhões), Sabesp (R$ 3,02 bilhões), Raia Drogasil (R$ 2,99 bilhões) e Carrefour Brasil (R$ 2,19 bilhões).
Entretanto, esses avanços não chegam perto de compensar o tombo das duas gigantes. A Petrobras perdeu R$ 77,45 bilhões em valor de mercado em abril, uma queda de 15%. A Vale, por sua vez, viu seu market cap encolher em R$ 12,53 bilhões, ou quase 5%.
- Juntas, as perdas somadas atingem R$ 89,98 bilhões, mais que o dobro dos ganhos acumulados pelas demais empresas em alta no índice.
- A forte correção vem em meio ao agravamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que reacendeu temores de recessão global e derrubou o preço das commodities.
- O petróleo Brent, por exemplo, caiu 13,4% no mês, e o WTI recuou 14%, refletindo incertezas sobre o crescimento global.
“O mercado não gosta de incertezas e, atualmente, tem muita na mesa”, diz Frederico Nobre, gestor da Warren.
Ele explica que a gestora tem adotado uma postura mais defensiva, com maior liquidez, para enfrentar as turbulências. O pessimismo também é compartilhado por Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez, que está em Nova York em contato com investidores. Segundo ele, o ambiente instável deve perdurar por pelo menos seis meses.
“Estamos no meio de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. Isso vai gerar inflação, desaceleração econômica e impactar duramente as commodities”, afirma.
Para Lucci, o setor de consumo interno tem se mostrado mais resiliente, mas o cenário como um todo é de “ano atípico”. A pressão sobre o governo americano vem crescendo, conforme revela a queda acentuada da confiança do consumidor nos EUA, medida pela Universidade de Michigan.
- O índice despencou de 57,0 em março para 50,8 em abril, bem abaixo do esperado.
- Para Lucci, a narrativa de reindustrialização americana por meio de tarifas pode ser ilusória: “Não será fácil nem rápido trazer de volta a produção industrial. Enquanto isso, investimentos estão suspensos”.
- Lan Lopes, economista da Valor Investimentos, reforça que o risco de recessão global está cada vez mais no radar dos investidores.
“A China retaliou e ainda não há um acordo. Isso mantém o mercado em alerta. E essa incerteza vai continuar pesando”, afirma.
Com a guerra tarifária em curso e o clima de instabilidade no exterior, a Bolsa brasileira deve continuar sob pressão, mesmo com algumas ações se destacando. A força desproporcional de Petrobras e Vale no Ibovespa torna difícil qualquer reação mais sustentada do índice diante de um cenário global tão conturbado.
Notícias e Cobertura do Mercado Em Tempo Real Acesse: https://t.me/activtradespt