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Pausa nas Tarifas Por Trump Deixa CEOs em Alerta

A pausa de 90 dias nas tarifas é vista como trégua frágil em meio a incertezas globais; empresas temem aumento de custos e retração da demanda.

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A súbita decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender temporariamente parte das tarifas de importação recentemente impostas deixou executivos de grandes empresas globais em estado de alerta. Embora o recuo tenha gerado um breve alívio nos mercados financeiros, a incerteza generalizada sobre o que acontecerá após o período de 90 dias está afetando investimentos, planejamento estratégico e perspectivas de crescimento de empresas em diversos setores. A medida, anunciada na quarta-feira, reduziu momentaneamente tarifas para dezenas de países, enquanto manteve ou até aumentou taxas para outros, como a China. As tarifas sobre aço, alumínio e automóveis — fixadas em 25% — continuam em vigor. A notícia provocou inicialmente um salto nas bolsas globais, que vinham sofrendo com intensa volatilidade, mas os ganhos logo se dissiparam diante da confusão causada pela reviravolta na política comercial da Casa Branca.

“O que vem depois?”: a pergunta que paralisa investimentos

Em todo o mundo, companhias com cadeias de suprimentos complexas, que envolvem múltiplas jurisdições — como a varejista alemã Hugo Boss ou a química BASF — estão tentando calcular os impactos das tarifas em seus custos e preços.

  • “Estamos analisando a situação internamente com grande precisão e alta prioridade”, declarou a Hugo Boss em comunicado, refletindo o sentimento generalizado entre os CEOs.
  • Segundo o economista de Yale Ernie Tedeschi, a tarifa média efetiva dos EUA já se aproxima de 23%, mesmo com a pausa. Empresas têm pouca clareza sobre como agir, especialmente diante da possibilidade de novas tarifas serem reativadas de forma abrupta.

“Uma pausa de 90 dias nas tarifas, embora considerada um alívio temporário, cria considerável incerteza para as empresas”, afirmou Anita Wright, planejadora financeira da Bolton James.

Para muitos analistas, a ausência de previsibilidade na política tarifária de Trump dificulta investimentos de longo prazo — especialmente em setores como energia verde, onde os projetos têm prazos extensos e forte dependência de materiais industriais.

Apple, IKEA e o peso da cadeia global

A Apple já começou a realocar a produção de iPhones, fretando voos para transportar cerca de 600 toneladas do produto da Índia para os EUA. Com os aparelhos fabricados na China agora sujeitos a uma tarifa de 125%, analistas acreditam que o preço dos iPhones no mercado americano deve subir.

  • A Inter IKEA, fornecedora da gigante sueca de móveis, também demonstra preocupação com os impactos da guerra tarifária. “É muito cedo para dizer em que nível as tarifas afetarão os preços dos nossos produtos, mas estamos monitorando de perto a situação”, afirmou um porta-voz.
  • Outras empresas, como General Motors, Mercedes-Benz e Porsche, tentaram antecipar-se à crise acumulando estoques nos EUA. No entanto, executivos reconhecem que o ambiente instável torna difícil qualquer planejamento para o restante do ano.

Impactos já se refletem no consumo

A instabilidade também está sendo sentida pelo consumidor final. De acordo com a Footwear Distributors and Retailers of America, as vendas de calçados nas lojas caíram 9,5% nas 11 semanas desde a posse de Trump. A queda afeta grandes nomes como Nike, Adidas, Skechers e Walmart, membros da associação.

O efeito cascata da incerteza tarifária é visível: menor confiança do consumidor, retração nas compras e investimentos em stand-by.

Europa suspende retaliação, mas alerta: medidas podem voltar

Na esteira da suspensão de Trump, a União Europeia decidiu adiar a aplicação de €21 bilhões em tarifas retaliatórias contra os EUA.

  • No entanto, como alertou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se as negociações falharem, as contramedidas serão reativadas — e podem ir além de produtos e incluir tarifas sobre serviços digitais, afetando gigantes como Meta e Google.

Indústria em xeque

Fabricantes como a Volkswagen já antecipam uma temporada de lucros mais fraca. A empresa alertou para resultados abaixo do esperado no primeiro trimestre, em parte devido aos custos adicionais com os veículos exportados para os EUA.

  • A situação é ainda mais crítica para empresas menores, como a sérvia Testeral, que fornece alumínio e PVC para a construção civil.
  • Com margens apertadas e contratos de longo prazo, a CEO Sanja Stanimirovic diz que a manutenção das tarifas pode forçar demissões.

Conclusão: alívio momentâneo, incerteza persistente

Apesar de a pausa nas tarifas parecer um gesto conciliador, ela apenas posterga a resolução de uma guerra comercial que já causa impactos profundos.

  • Com a economia global caminhando sobre uma corda bamba, executivos, investidores e governos seguem em compasso de espera — atentos ao próximo movimento de um presidente conhecido por suas decisões imprevisíveis.

A trégua de 90 dias é, na prática, um relógio regressivo para o próximo choque nos mercados. E o tempo está correndo.

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