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Europa Teme Enxurrada de Produtos Chineses Após Tarifas dos EUA

Bruxelas prepara medidas emergenciais para evitar que a Ásia desvie excesso de produção para o mercado europeu, enquanto tarifas de Trump transformam comércio global.

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A Europa está em estado de alerta. Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma avalanche de tarifas sobre produtos chineses e de outros países asiáticos, autoridades da União Europeia agora se preparam para um possível redirecionamento em massa dessas exportações para o mercado europeu — o que poderia desencadear uma guerra comercial silenciosa e um choque deflacionário indesejado no continente. O temor em Bruxelas é que os produtos chineses, barrados por tarifas recordes de até 54% nos EUA, inundem os mercados europeus a preços muito abaixo do valor de mercado, prejudicando indústrias locais já fragilizadas. “Estamos muito preocupados que este seja outro ponto de tensão com a China”, disse um diplomata sênior da UE. “Não espero que eles mudem seu modelo de exportação de excesso de capacidade.”

Tarifas americanas, consequências globais

A medida de Trump de impor tarifas “recíprocas” — incluindo 34% para a China e até 46% para o Vietnã — elevou a tarifa efetiva dos EUA ao maior nível desde 1909, segundo o Yale Budget Lab.

  • Além da China, a UE também foi atingida com taxas superiores aos 10% aplicados de forma ampla, incluindo penalizações adicionais sobre carros e aço.
  • Analistas alertam que a agressiva política comercial dos EUA não isola apenas a China, mas pode reverberar no sistema de comércio global ao desviar grandes volumes de mercadorias para mercados alternativos — com a Europa sendo o principal alvo.

Bruxelas reage

A Comissão Europeia já iniciou discussões para implementar tarifas emergenciais em setores estratégicos, ampliando medidas de salvaguarda semelhantes às impostas sobre o aço em 2018, durante o primeiro mandato de Trump.

  • Na época, a UE impôs uma tarifa de 25% sobre importações acima de determinada cota para proteger seus produtores de aço.
  • Agora, o leque de produtos sob vigilância aumentou. “Podemos fechar nossos mercados devido a um influxo súbito e inesperado de importações”, disse um alto funcionário da Comissão.
  • A preocupação maior está centrada em produtos elétricos, eletrodomésticos, veículos e aço — todos sujeitos ao risco de “dumping” chinês.
  • A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ainda não se pronunciou oficialmente, mas fontes internas indicam que medidas preventivas devem ser anunciadas já nas próximas semanas.

O dilema chinês

Pequim enfrenta uma situação inédita. Com os Estados Unidos praticamente fora do alcance comercial devido às tarifas de Trump, e uma economia doméstica sob pressão, analistas veem o mercado europeu como o caminho natural para absorver o excesso de capacidade.

  • “O choque comercial imediato na Ásia provavelmente reverberará de volta para a Europa”, disse Robin Winkler, economista-chefe do Deutsche Bank. Segundo dados da OCDE, a capacidade excedente global de produção de aço deverá subir de 602 milhões de toneladas em 2024 para 721 milhões até 2027 — mais de cinco vezes a capacidade de produção da UE.
  • Axel Eggert, diretor da Eurofer, alertou que o atual sistema de salvaguardas da Europa é “insustentável” frente a essa realidade.

Pressão sobre a Alemanha

O impacto potencial pode ser particularmente severo para a Alemanha, maior economia da Europa e tradicional potência industrial.

  • “A tarifa de Trump é um golpe duplo para a indústria alemã”, disse Clemens Fuest, presidente do instituto Ifo.
  • O país pode perder mercado nos EUA enquanto enfrenta competição mais agressiva de produtos asiáticos em seu próprio território e nos vizinhos europeus.
  • Emmanuel Macron, presidente da França, compartilha das preocupações e alertou para “consequências enormes” para as indústrias europeias se os países asiáticos redirecionarem seu excesso produtivo para a UE.

Corte de juros à vista?

Curiosamente, uma possível consequência colateral positiva, segundo o economista Andrzej Szczepaniak, da Nomura, seria o efeito deflacionário da chegada de produtos baratos, que pode empurrar o Banco Central Europeu a cortar juros mais cedo do que o esperado.

  • Mas esse alívio monetário viria acompanhado de um cenário sombrio para a produção industrial.
  • Carsten Brzeski, chefe global de macroeconomia do ING, foi direto em seu diagnóstico: “O pior pesadelo econômico da Europa acaba de se tornar realidade.”

Diante da tempestade tarifária desencadeada por Washington, a Europa agora corre contra o tempo para proteger suas fronteiras comerciais — e, talvez, repensar sua posição no novo tabuleiro econômico mundial.

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