Exército de Mianmar suspende leis que limitavam forças de segurança e ordena prisões
Manifestantes riscam imagens do governante militar, general Min Aung Hlaing em protesto em Yangon, maior cidade de Mianmar, neste sábado — Foto: Associated Press
A junta militar de Mianmar suspendeu neste sábado (13) as leis que impediam as forças de segurança de prender suspeitos ou revistar propriedades privadas sem a aprovação de um tribunal e ordenou a prisão de conhecidos apoiadores de protestos em massa contra o golpe militar deste mês.
Uma série de anúncios veio no oitavo dia de manifestações em todo o país contra a retirada e detenção da líder eleita Aung San Suu Kyi, em 1º de fevereiro, que interrompeu uma transição instável para a democracia iniciada em 2011.
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Os anúncios deste sábado (13) ecoaram quase meio século de regime militar antes do início das reformas, quando o país do sudeste asiático era um dos Estados mais repressivos e isolados do mundo.
Uma ordem assinada pelo governante militar General Min Aung Hlaing suspendeu três seções das leis “protegendo a privacidade e a segurança dos cidadãos”, que haviam sido introduzidas durante a liberalização gradual.
Essas seções incluem a exigência de uma ordem judicial para deter prisioneiros por mais de 24 horas e restrições à capacidade das forças de segurança de entrar em propriedades privadas para revistá-las ou fazer prisões. As suspensões também liberam a espionagem das comunicações.
A declaração não deu uma data específica de término da suspensão das seções das leis.
Manifestação em Yangon, a maior cidade de Mianmar; no caminhão de som, há uma imagem de Aung San Suu Kyi — Foto: Reuters
Manifestações continuam
O golpe gerou os maiores protestos de rua em mais de uma década e foi denunciado por países ocidentais, com os Estados Unidos anunciando algumas sanções aos generais no poder e outros países também considerando medidas.
A junta militar que tomou o poder havia dado uma ordem para que não houvesse mais manifestações, mas elas continuaram. Neste sábado (13), mais protestos foram registrados em vários pontos do país. Em Naypyidaw, monges budistas fizeram um ato contra o golpe.
Em Naypyidaw, neste sábado (13), monges budistas participam de manifestação o contra o golpe militar — Foto: STR/AFP
Na sexta-feira (12), na maior cidade do país, Yangon, centenas de médicos em jalecos e aventais brancos marcharam perto do templo de Shwedagon, o local budista mais sagrado do país.
Segundo balanço da ONU, divulgado na sexta, mais de 350 pessoas foram presas desde 1º de fevereiro. Entre elas, há ativistas, monges e pessoas que tinham cargos no governo até o golpe. Uma parte desses presos enfrenta processos criminais por motivos frágeis, de acordo com a ONU.
Fonte: Via rss/feed Portal G1