O percentual de brasileiros endividados no país fechou 2020 em 66,5%, conforme dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Este é o maior patamar de endividamento familiar em 11 anos. Em meio a essa crise de dívidas, sempre surge a pergunta: Dá para investir na Bolsa de Valores mesmo que eu faça parte dessa porcentagem endividada?
Para o nosso professor e trader Rodrigo Rebecchi, tudo é uma questão de planejamento financeiro. Primeiro, é preciso entender que apesar de nenhuma dívida ser “agradável” existem dívidas “boas” e existem dívidas “ruins”. “As ruins são aquelas dívidas que você faz estourando seu orçamento, por exemplo, seus limites do cartão de crédito com gastos com viagens, roupas, restaurantes, compras por impulso, etc. Essas compras que estão fora do seu orçamento mensal a gente pode considerar como dívidas ruins. Principalmente quando você não consegue fazer o pagamento total da fatura do cartão de crédito, o que acarreta em juros altíssimos”, ele explica.
A recomendação de Rebecchi é primeiramente quitar essas dívidas “ruins” (e evitar entrar nessa situação de novo), para sim, começar a investir com mais tranquilidade. “Se você está endividado, é importante colocar essas dívidas em dia e a partir disso, colocar em andamento um planejamento financeiro mensal, do seu orçamento, para que você consiga viver dentro da sua renda e poupar um pouco todos os meses. Depois sim, fazer investimentos inteligentes. E um desses investimentos é na Bolsa de Valores,” diz. “Se você começar a investir na Bolsa antes de resolver isso, muito provavelmente os juros que vão incidir sobre essas dívidas vão ser muito maiores que a rentabilidade que você conseguiria no mercado de ações, então não vai adiantar: você vai ganhar de um lado na Bolsa e esse dinheiro vai ser todo corroído pelos juros da sua dívida.”
Já as dívidas “boas” são aquelas que estão sob controle, que não têm juros e que estão dentro do seu orçamento. “São aquelas coisas que fica mais difícil comprar à vista, como um carro ou uma casa, por exemplo. Ao financiar uma casa, você está comprando seu imóvel, está adquirindo um bem para a sua família e está cumprindo os pagamentos mês a mês. No caso dessa dívida, pode investir na Bolsa ao mesmo tempo que vai pagando a sua casa, pois é uma dívida estruturada, planejada. Isso vale para a prestação de carro também. Essas dívidas estruturadas, desde que você consiga cumpri-las mensalmente, não impedem que, ao mesmo tempo, você monte uma carteira interessante de ações.”