Apesar da pressão militar, centenas protestam contra golpe em Mianmar
Centenas de professores e estudantes se reuniram nesta sexta-feira (5) em uma universidade em Yangon para o maior protesto registrado até agora contra o golpe militar, que na segunda-feira (1º) tomou o poder do governo democraticamente eleito.
Os manifestantes fizeram a saudação com três dedos da mão, um gesto de resistência, enquanto cantavam a música que se tornou popular durante a revolta de 1988, que foi violentamente reprimida pelo exército, e pediram “longa vida à mãe Suu”.
Eles se referiam a Aung San Suu Kyi, a prêmio Nobel da Paz de 1991 que foi detida junto com o presidente do país, Win Myint, e outros civis durante o golpe de Estado, que tem sido duramente criticado pela comunidade internacional (veja mais abaixo).
Após a tomada de poder, os militares declararam estado de emergência de um ano no país e nomearam o general Min Aung Hlaing, comandante das Forças Armadas do país, como presidente. Eles alegam que as eleições de novembro foram fraudadas.
Hoje, a polícia prendeu um importante assessor de Suu Kyi, Win Htein, de 79 anos. O veterano político já foi repetidamente preso durante as décadas de luta contra a ditadura militar que governou o país durante várias décadas, até 2011.
“Temos sido maltratados continuamente por um longo tempo”, disse Win Htein à agência de notícias Reuters por telefone, enquanto era levado pela polícia. “Nunca tive medo deles porque não fiz nada de errado em toda a minha vida”.
Além de Htein, ao menos 30 pessoas foram detidas em protestos em Mandalay nas últimas três noites, segundo a imprensa local. Maung Maung Aye, vice-chefe da força policial regional, disse que os detidos foram acusados de violar uma lei contra “causar barulho nas vias públicas”.
Desobediência civil
Apesar da repressão, a campanha de desobediência tem ganhado força no país, com alguns professores se juntando às paralisações que começaram com médicos em hospitais públicos. Alunos da Universidade Dagon de Yangon realizaram uma marcha de protesto no campus.
“Não queremos este golpe militar que tomou ilegalmente o poder de nosso governo eleito”, disse o professor Nwe Thazin Hlaing, da Universidade de Educação de Yangon. “Queremos que o golpe militar fracasse”.
O novo governo derrubou as comunicações do país após o golpe e tirou do ar até domingo (7) o Facebook e outras redes sociais, que estavam sendo usadas para convocar protestos.
O ministro das comunicações e informações disse que a censura ocorreu porque pessoas estão “perturbando a estabilidade do país” para espalhar “notícias falsas e desinformação”.
Pressão internacional
A pressão internacional sobre os militares também tem crescido, apesar da China. Ontem, o Conselho de Segurança da ONU pediu a libertação de Suu Kyi e dos outros líderes civis.
A declaração divulgada na quinta-feira (4) enfatiza a “necessidade de apoiar as instituições e processos democráticos, evitar a violência e respeitar plenamente os direitos humanos, as liberdades fundamentais e o Estado de Direito”.
Já o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que já pediu pressão internacional para que militares de Mianmar “renunciem imediatamente”, está considerando sanções aos generais que tomaram o poder.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também afirmou que fará tudo ao seu alcance para garantir que a comunidade internacional “exerça pressão suficiente” sobre Mianmar para que o golpe de Estado “fracasse”.
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Fonte: Via rss/feed Portal G1