Como a volta de Lula afeta a economia brasileira

Vocês já sabem que a política impacta na economia. E que o cenário político do Brasil, há anos, não é nada tranquilo. Nos últimos dias, mais uma reviravolta política tomou conta das notícias, que foram as mudanças no caso do ex-presidente Lula, que agora volta a ser elegível para as próximas eleições. Isso também pode impactar na economia brasileira e ter efeitos no bolso dos investidores. O professor da YouTrading Rodrigo Rebecchi é quem fala sobre isso no texto de hoje. 

Para ele, o primeiro ponto é o descrédito jurídico que pode ser percebido pelos investidores externos. “O que aconteceu coloca em xeque o trabalho de vários anos da Lava Jato. Esse descrédito jurídico afasta o investidor, que não quer correr grandes riscos, faz o Brasil perder credibilidade e coloca o Lula no cenário eleitoral para 2022 na corrida presidencial, abrindo espaço para um ambiente mais polarizado ainda,” explica. 

“As eleições de 2022 já começaram”, diz Rebecchi. “Com Lula representando a esquerda e Bolsonaro a direita, o cenário de extremos pode refletir no mercado, sim. O mercado financeiro buscava uma migração mais para o centro, algo mais planejado, embasado, pacífico e inteligente, para que a gente pudesse colocar o Brasil nos trilhos de forma mais unida, mais unitária. Esse tipo de polarização, que se vê nessa guerra nas redes sociais, não tem sido benéfico para o desenvolvimento do país, independentemente da grave crise do coronavírus.”

Rebecchi alerta que o Brasil deve esperar um dólar ainda mais alto: “Tivemos na mesma semana a aprovação do pacote trilionário de estímulos nos Estados Unidos, de $1,9 trilhão de dólares. Esse excesso de dólares tende a aumentar a inflação nos EUA, devido ao aumento do consumo, e a gente sabe que a ferramenta que o Banco Central tem para controlar a inflação é o eventual aumento dos juros. Com isso, a gente tem os títulos americanos pagando mais, a médio e longo prazo (eles que são considerados o investimento mais seguro do mundo).  Então a gente tem um cenário de Brasil extremamente caótico e um cenário americano recolocando a sua economia nos trilhos e pagando juros mais atraentes na renda física. Com isso, a gente deve ter uma migração de capital para os Estados Unidos, isso tende a elevar o dólar.” 

Aqui no Brasil, o dólar alto aumenta a inflação, devido ao grande consumo de produtos importados. Esse custo passa à população. “E com juros mais caros aqui também fica mais caro o dinheiro de crédito, para financiamentos, empréstimos, etc. Isso tudo aliado à pandemia que a gente vive hoje significa que, novamente, o PIB deve patinar bastante em 2021. O cenário de recuperação (leve) para o Brasil, se ocorrer uma vacinação em massa este ano, deve ser apenas a partir de 2022.”